Embaixo do céu de Angola

Um diario, tentando expressar sensacoes, pensamentos. Sentimentos tentando ser traduzidos. Textos, vida, diário, poesia. Um pouco de mim.

Thursday, December 21, 2006

 
Não posso (…) cruzar os braços fatalistamente diante da miséria, esvaziando desta maneira, minha responsabilidade no discurso “cínico” e morno, que fala da impossibilidade de mudar”.
Paulo Freire

 

Solidão

Estou me sentindo tão sozinha e triste estes dias. Todos foram embora! Boas Festas, Natal, Ano Novo. Os estudantes, os professores, todos se foram.

Incrível a sensação de solidão e a sensação de que realmente eles são importantes e queridos, mais do que eu poderia imaginar. E agora? Poderei viver sem meus miúdos?

Muitos talvez não voltem mais, pois irão fazer os Workshops pedagógicos em suas províncias de origem e após já começarão o estágio. Vieram se despedir, agradecer, desejar Boas Festas, pedir para eu não ir embora de Angola, para eu ficar mais. Foi tão compensador! Foi tão triste, emocionante e triste.

Fico por aqui, pensando neles, pensando em como ir embora, em todos os pedidos para que eu fique aqui, não vá para outras terras, outros continentes.

Tantas coisas se passam pela minha cabeça, pensamentos, indecisões, o que fazer, para onde ir. O coração dividido entre as saudades da família, dos amigos, do namorado, e as tantas coisas realizadas e a se realizarem, as tantas coisas descobertas e a descobrir aqui em Angola, aqui na África.

Coração apertado, vontade de chorar, sensação de vazio, solidão. Miúdos venham para a escola logo! A “Professora” Gabriela está com saudades de vocês!

Monday, December 18, 2006

 

Fotos do jantar na casa da Quena - 02 de dez.





 

Fotos "Dia Mundial da Luta contra a Sida" - 1º de Dez.







 

E o tempo passa...

4 Meses já se passaram! Voando… Muitas coisas aconteceram com a minha vida nesses últimos tempos, muitos novos pensamentos, muitos novos aprendizados, novas alegrias, novas tristezas. Muitas saudades também.

Estou na reta final. Faltam apenas 2 meses para eu ir embora de Angola. E, mesmo assim, tanta coisa precisa ser feita, tanta! Educação, saúde, saneamento básico, água potável, democracia. Tantas coisas ainda para serem alcançadas. Quando haverá uma mudança significativa na vida dessas pessoas? Dessas crianças, desses jovens?

Tivemos a visita da Diretora da UNICEF aqui em Angola. Ela é da Nova Zelândia. A ADPP, minha organização, é uma das maiores parceiras da UNICEF aqui em Angola. Ela enfatizou muito a importância da educação para a melhora das condições de saúde da população. Angola é o país com maior mortalidade infantil (nº de crianças que morrem antes de completarem 5 anos) do mundo! Em Angola o número é mais ou menos 185 crianças para cada 1000 nascidos, ou seja, de cada 1000 crianças que nascem, 185 morrem antes dos 5 anos de idade. Por que? Por causa de problemas facilmente tratáveis, como diarreia, má nutrição, fome. Mas, os níveis de educação estão também diretamente relacionados a esse fator. Angola tem um índice de desempenho escolar entre os mais baixos do mundo.

Segundo Aline Pereira (Doutoranda em Economia dos Recursos Humanos - ISCTE –Lisboa), “a baixa escolaridade impacta directamente na qualidade de vida da angolana e da sua família. Quase todas as mulheres que receberam educação secundária e superior ouviram falar de HIV/SIDA (96%), enquanto esta percentagem é menos da metade nas mulheres que não receberam nenhum tipo de educação (45%).
A prevalência da contracepção em Angola é de 6%, estando abaixo da média da África sub-saariana, que por sua vez é a mais baixa do mundo. As mulheres que frequentaram o ensino secundário têm probabilidade dez vezes maior de usarem contraceptivos do que as mulheres que não têm qualquer instrução. Esta tendência mantém para as mulheres casadas e mulheres em união de facto. Nessa categoria, as mulheres com um nível mais elevado de educação têm uma probabilidade 18 vezes maior de usarem métodos de contracepção modernos do que as mulheres que nunca frequentaram o ensino. Esta tendência revela a relação entre os níveis mais elevados de educação e uma taxa de fecundidade reduzida. O deficit educacional gera assim um ciclo vicioso, o elevado índice de gravidez na adolescência (21% para as de 16 anos e 61% para as de 19 anos) e de fecundidade (em média, 7 crianças nascidas vivas por mulher; aos 18 anos um terço das mulheres angolanas já eram mães e aos 20 este percentual sobe para 68%) associado à falta de programas de prevenção afasta as mulheres da escola. A baixa escolaridade contribui para o aumento da taxa de fecundidade.
A saúde das crianças também está relacionada ao nível de escolaridade da mãe: crianças cujas mães possuem educação secundária ou superior são menos vulneráveis do que as crianças cujas mães tiveram acesso a educação; uma criança cuja mãe é iletrada tem uma probabilidade 60% maior de morrer antes de atingir cinco anos de idade.”

Tem sido importante para mim estar participando ativamente na parte educacional da ONG aqui em Angola. A cada dia descubro e vejo como é realmente importante, juntamente com saúde, a educação. São duas áreas estritamente ligadas uma com a outra. Também começou a brotar em mim, a partir desta experiência, a necessidade de saber. Saber mais sobre o mundo, sobre política, economia, tendências mundiais. Tenho lido muito, pesquisado (na medido da possível) muito, e descubro novos interesses a cada novo dia. Mas, o que mais me acrescentou, interessou e provavelmente fará parte do meu futuro, é a luta pelos direitos das mulheres. Ter dado as aulas de “Porta-Voz da Mulher” para o Colectivo 05, começou a delinear e a desembaçar a minha ansiedade na pergunta: “O que fazer depois?”. A pergunta ainda continua sem resposta, mas já começa a tomar novas dimensões. Ainda tenho 4 meses pela frente – 2 meses em Angola, 1 mês na África do Sul para relatórios e organização do que será o meu ultimo mês, em Moçambique. Estou realmente ansiosa para Moçambique, pois irei trabalhar em um projeto diferente chamado “Ajuda as crianças”. Esse projeto é bem completo pois não é direcionado apenas para os pequeninos, mas para as suas famílias e para tudo ao seu redor. Trabalha com meio ambiente, com educação, com projetos de geração de renda, com saúde. Estou realmente empolgada, e com um sentimento de que me apaixonarei perdidamente pelo projeto, não sei, tenho tido essa sensação. Vocês terão notícias.

Bom, daqui a pouco Natal e Ano Novo. A todos muita paz e muita saúde e muita família por perto! Quantas saudades da família! Minha família passou a ter uma importância ainda maior do que antes e a cada dia que passa percebo o valor que eles tem para mim. Mãe, irmãs, pai, sobrinhos, sobrinha, tios, tias, primos, primas e cunhados, amo todos vocês. Um beijo a todos – familiares, amigos, amigas, leitoras e leitores – e até o Ano que vem.

Thursday, December 07, 2006

 

1º de Dezembro - Dia Mundial da luta contra o Sida

Dia 01 de Dezembro é o Dia Mundial do Combate ao Sida – ou Aids no Brasil – e, como não poderia deixar de ser, os estudantes da EPF caíram na estrada com cartazes e músicas para a conscientização e esclarecimentos de dúvidas para a povoação da vila do Ramiro.

No dia anterior, dei uma aula sobre a Sida, os números no mundo e em especial na África Sub-saariana e as suas consequências dentro da comunidade. É claro, também repassei métodos de prevenção e de transmissão. Distribui camisinhas femininas e masculinas entre os alunos (eu arrecadei nos Estados Unidos quando fui fazer o meu teste de HIV) para a ação que ocorreria no dia seguinte. Eles foram responsáveis pela distribuição dessas camisinhas para a comunidade, além de alguns panfletos.

Foi divertido, fomos andando os 4 quilometros que nos separam da vila, cantando músicas sobre a Sida. Alguns motoristas paravam, conversávamos com eles.

As crianças corriam ao nosso lado, curiosas e as mulheres e homens pediam camisinhas e faziam algumas perguntas.

A Sida é um problema crescente na África, principalmente na parte Sub-saariana onde os níveis se elevam a cada dia. Do total de 40 milhões de pessoas infectadas no mundo, 25 milhões se encontram nessa área da África. Além disso, estima-se que a África tenha 12 milhões de órfãos por causa da doença. Essas crianças acabam sendo excluídas da comunidade devido a discriminação e ao medo que as famílias têm por causa da doença.
As mulheres somam um total de 46% dos portadores a nível mundial, mas na África Sub-saariana essa porcentagem é de 57%.

Alguns exemplos de países da África Sub-Saariana com as suas respectivas taxas de prevalência do Sida:
Botsuana (37%), Lesoto (29%), Malawi (14%), Moçambique (12%), Namíbia (21%), Zimbabué (24%), Zâmbia (16%), Suazilândia (39%), África do Sul (21%).

Angola tem uma prevalência de 3,9%, mas essa taxa não é confiável, pois ainda falta um método mais eficaz na coleta de informações. Essa taxa foi obtida através de uma amostra de mulheres grávidas que tiveram acesso a algum posto ou centro de saúde no pré-natal. Estima-se que a taxa gire entre 6 e 10%.

E para mim, o dado mais alarmante é que os jovens (entre 5 aos 24 anos) representam metade de todas as novas infecções, ou seja, uma média de 6.000 novos infectados por dia ou 5 jovens a cada minuto!

É um problema de todos!

 

Um jantar especial

No dia 2 de Dezembro, eu e o Iwan fomos convidados a jantar na casa da Quena, a mulher que mora na vila do Ramiro e que nos vende pilinhas.

Foi muito boa a experiência, tanto culinária quando do ponto de vista de se estar inserido dentro do contexto de uma família angolana típica.

A família veio de Bié, região do Central de Angola, fugindo da guerra. Se instalaram em Viana, nos arredores de Luanda e por causa do trabalho do marido se mudaram para a Vila do Ramiro.

Eles são um casal com 5 filhos, o mais velho 14 anos e o mais novinho 2 aninhos. A Quena tem 33 anos e o Francisco, o marido, tem 36 anos. Ela cuida da casa, dos filhos, faz doces e vende coisinhas (farinha de milho, de mandioca, bebida, leite em pó). Ele é professor, mas só está trabalhando uma vez por semana. “Mas, o que você faz nos outros dias?”, pergunto. Ele responde: “Durmo”. Agora ele está de férias.

Então, basicamente é isso, a Quena trabalha 7 dias por semana, não para um minuto!!! E o marido sentado no sofá, pedindo: “Quena, põe vela no banheiro”, “Quena, essa cerveja está quente”, “Quena, quando é que a comida fica pronto”. Incrível!!!

Ela com a criança amarrada no lombo, cozinhando, correndo de um lado a outro, dando comida para o outro filho, cozinhando, lavando, e o maridão no estilo “Eta, vida boa meu Deus!”

A comida estava um arraso! Comemos quissaca (refogado de folha de mandioca), caxopa (milho branco com feijão – leva carne também mas ela fez estilo vegetariano por minha causa! Fofa!), fungi de bombo com fungi de milho (é uma polenta feita com farinha de mandioca e com farinha de milho). Tomamos gasosas (refrigerante) e cervejinhas.

Os filhotes muito fofos, só estavam o Vinguela e o Luquinha, de 4 e 2 aninhos.

Bom, no final, como era tarde, dormimos lá. A Quena muito feliz com a nossa presença, não deixou que ajudássemos em nada!!! Nem com um dinheiro para ajudar nas despesas. Levei algumas roupas que eu tinha aqui para doar e material de pintura para as crianças.

O único episódio da noite que foi um pouco constrangedor e irritante para mim, foi a Sandra, uma amiga de Quena, que chegou para uma visita e conversa vai, conversa vem, falou: “Quando você for embora de Angola, você tem que deixar todas as suas roupas aqui, só vai com a roupa do corpo.” Fiquei meio sem jeito, meio sem graça, dei uma risada meio amarela e deixei passar. Mas, ela ainda repetiu mais umas duas vezes ao longo da sua estadia na casa da Quena. Na última vez eu perguntei: “E daí? Eu fico sem roupa?” Ela disse: “Ah! Lá você arranja mais”.

Realmente me incomodou. Mas, é comum aqui. Tudo pedem, tudo querem. Sem cerimonias, sem vergonhas. Talvez eu esteja errada, talvez eu devesse dar tudo o que tenho. Não sei, às vezes é difícil. Mas acho que saber falar “não” é importante, até porque muitas vezes eles nem sabem o que estão pedindo. É só pelo fato de estar nas minhas mãos.
Mas a Quena! Uma mulher maravilhosa, um coração de ouro, filhos lindos. Ela está tentando construir uma vendinha para comercializar os produtos. Trabalhadora, lutadora. E nos chama de “meus filhos”.

Monday, December 04, 2006

 

Você já ouviu falar sobre "Os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio"?

A Declaração do Milénio, conduzida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000, foi adotada por 191 países e os objetivos do desenvolvimento do milénio produziram um conjunto de 8 metas a serem atingidas até 2015.

Meta No 1 “Erradicar a Pobreza extrema e a fome”
Conseguir até 2015:
* Reduzir pela metade a porcentagem de pessoas com um rendimento menor de 1 dólar por dia.
* Reduzir pela metade a porcentagem de pessoas que sofrem de fome.

Você sabia?
- 1/3 Das mortes, ou 18 milhões de pessoas por ano, ou 50 mil pessoas por dia, são relacionadas a pobreza. Desde 1990, 270 milhões de pessoas morreram, na sua maioria mulheres e crianças.
- A cada ano mais de 10 milhões de crianças morrem de fome e de doenças preveníveis. Isso significa, mais de 30 mil por dia ou 1 criança a cada 3 segundos.
- Mais de 1,2 bilhões de pessoas vivem com menos de 1 dólar por dia e 2,7 bilhões (quase a metade da população mundial) vive com menos de 2 dólares por dia.

Meta No 2 “Alcançar o ensino primário universal”
Conseguir até 2015:
* Garantir que meninos e meninas possam concluir o ciclo completo da escolaridade primária.

Você sabia?
- 1 em cada 4 adultos nos países em desenvolvimento, ou 872 milhões de pessoas, é analfabeto.
- Mais de 100 milhões de crianças estão for a da escola.
- Dos adultos que não podem ler nem escrever, 2/3 são mulheres.
- A educação primária universal custaria 10 bilhões por ano – isso é metade do que é gasto pelos norte-americanos em sorvetes.

Meta No 3 “Promover a igualdade do gênero e a capacitação das mulheres”
Conseguir até 2015:
* Eliminar a desigualdade de gênero em todos os níveis de ensino.

Você sabia?
- Das 1,2 bilhões de pessoas vivendo em extrema pobreza no mundo, 70% são mulheres.
- As mulheres trabalham 2/3 das horas de trabalho mundiais, produz metade da comida do mundo e recebe apenas 10% dos rendimentos e possui menos de 1% das propriedades.

Meta No 4 “Reduzir a mortalidade infantil”
Conseguir até 2015:
* Reduzir em 2/3 a taxa de mortalidade entre as crianças abaixo dos 5 anos.

Você sabia?
- 11 Milhões de crianças com menos de 5 anos de idade morrem a cada ano – mais de 1.200 por hora – a maioria por doenças facilmente preveníveis e tratáveis.

Meta No 5 “Melhorar a saúde materna”
Conseguir até 2015:
Reduzir em 3/4 a taxa de mortalidade maternal.

Você sabia?
- Mais de meio milhão de mulheres morrem durante a gravidez ou na hora do parto a cada ano, ou seja, uma morte a cada minuto.
- Dessas mortes, 99% são em países em desenvolvimento. Em algumas partes da África, a mortalidade maternal é de 1 em cada 6.
- Apenas 28 de cada 100 mulheres que dão a luz nos países menos desenvolvidos, são atendidas por agentes de saúde capacitados.

Meta No 6 “Combate ao HIV/Aids, a Malária e outras doenças”
Conseguir até 2015:
* Deter e começar a reduzir a propagação do HIV/Aids.
* Deter e começar a reduzir a incidência de malária e outras doenças graves.

Você sabia?
- 5 Pessoas morrem de Aids a cada minuto.
- Existem 42 milhões de pessoas vivendo com HIV e Aids no mundo. É uma emergência internacional que responde por aproximadamente 8 mil mortes a cada dia nos países mais pobres.
- 20 Milhões de pessoas na África estão infectadas com o vírus HIV – isso significa 64% de todas as infecções.
- Aproximadamente 40% da população mundial, da qual a maioria está vivendo nos países mais pobres, está sob o risco de contrair malária.
- A malária é a causa de mais de 300 milhões de pessoas doentes e é responsável por pelo menos 1 milhão de mortes a cada ano.
- A cada segundo alguém é infectado com tuberculose no mundo.

Meta No. 7. “Garantir a sustentabilidade ambiental”
Conseguir até 2015:
* Integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas sociais, invertendo a atual tendência para a perda de recursos ambientais.
* Reduzir para metade a proporção de pessoas sem acesso a água potável.
* Melhorar consideravelmente a vida de pelo menos 100 milhões de habitantes de bairros degradados.

Você sabia?
- Por volta de 2,5 bilhões de pessoas não tem acesso a saneamento e 1,2 bilhões de pessoas não tem acesso a uma fonte de água segura.

Meta No. 8. “Desenvolver uma parceria global para o desenvolvimento”
Conseguir até 2015:
* Continuar a desenvolver um sistema comercial e financeiro mais aberto, regulamentado, previsível e não discriminatório. Inclui um compromisso com a boa governação, desenvolvimento e redução da pobreza – tanto nacional como internacionalmente.
* Atender as necessidades especiais dos países menos desenvolvidos. Inclui taxas e quotas de livre acesso para exportações, reforço do programa de redução de dívida bilateral oficial.
* Negociar de forma abrangente os problemas da dívida dos países em desenvolvimento através de medidas nacionais e internacionais de forma a tornar a dívida sustentável a longo prazo.
* Em cooperação com os países em desenvolvimento, desenvolver e implementar estratégias que permitem trabalho apropriado e produtivo para a juventude.
* Em cooperação com empresas farmacêuticas, permitir o acesso aos medicamentos essenciais disponíveis nos países em desenvolvimento.
* Em cooperação com o setor privado disponibilizar as vantagens das novas tecnologias, especialmente na informação e nas comunicações.

Você sabia?
- O comércio internacional vale 10 milhões de dólares por minuto. 70% Desse valor é controlado por corporações multinacionais.
- Os 49 países mais pobres são responsáveis por 10% da população mundial, mas contam com apenas 0,4% do comércio mundial. A sua parte foi reduzida pela metade desde 1980.
- A vaca media na Comunidade Européia recebe mais de 2 dólares por dia em subsídios, enquanto mais de 3 bilhões de pessoas em países em desenvolvimento estão lutando para sobreviver com menos do que isso.
- Em 1970, 22 dos países mais ricos do mundo, garantiram gastar 0,7 dos seus rendimentos nacionais em ajuda humanitária. 34 anos depois, apenas 5 países mantiveram a promessa.
- Para cada dólar convertido em ajuda para os países em desenvolvimento, mais de 13 dólares são retornados em pagamentos de débitos.

Friday, December 01, 2006

 

Dia do Professor Angolano

Dia 22 de Novembro foi o dia do professor angolano. Tivemos um evento a noite, “Noite dos Professores”, apesar de apenas eu, o Iwan e o Professor dos Passos termos participado. Foi engraçado!!

Eu recitei um poema (que vergonha!!!), mas eles gostaram, bateram muitas palmas! Jú, estou virando atriz!!! Já cantei o Hino do Brasil para os estudantes da 06, agora poemas. Podem acreditar? Quem me conhece sabe…

O poema que eu recitei foi Instantes de Cecília Meireles, adoro.

“Eu canto porque o instante existe
E a minha vida está completa
Não sou alegre e nem sou triste
Sou poeta

Irmão das coisas fugidias
Não sinto gozo nem tormento
Atravesso noites e dias
No vento

Se desmorono ou me edifico
Se permaneço ou me desfaço
Não sei, não sei
Não sei se fico ou passo

Sei que canto e a canção é tudo
Tem sangue eterno e a asa ritmada
E um dia sei que estarei mudo
Mais nada”

As coisas estão acontecendo por aqui, o tempo está passando. Estou muito feliz com as aulas que tenho dado para a turma de 2005 sobre a mulher, eles estão interessados e sempre me falam que está muito boa. Para mim isso é uma grande conquista, pois essa turma é realmente difícil e eu sou a única professora que dá aulas para eles, alem do líder, nenhum professor que dar aula nessa turma. Ontem uma das alunas falou que a turma realmente gosta de mim e que rolou uma química entre nós. Bom, né?

Também a Nzinga, que é uma professora aqui na escola e a Quena, a moradora do Ramiro, tem sempre pedido para que eu não vá embora, que fique aqui em Angola… É, os laços começam a se estreitar e as pessoas começam a ter uma importância maior. As dificuldades, as tristezas, as felicidades, tudo começa a pesar mais do que antes. Um envolvimento com essa terra, com essa gente.

Estou em Angola!!! Ás vezes me pego pensando em quão louca é a vida, os caminhos que nós traçamos e que nos levam para este ou aquele lugar e de repente eu estou aqui, na África, vivendo e vivenciando coisas que há tempos atrás não eram nem possibilidades no meu pensamento. Me envolvendo com questões que sempre me perturbaram, mas que no corre-corre do dia-a-dia não dava a devida atenção. Os direitos da mulher, a Aids, as milhares de crianças que morrem de doenças facilmente tratáveis, a desnutrição, famílias lutando para sobreviver, o analfabetismo. E me vejo hoje completa e diretamente envolvida nesses assuntos e nessas batalhas, aprendendo e ensinando, trocando experiências e ouvindo. Ouvindo histórias, esperanças, desilusões.

E aqui, mais uma vez, quero agradecer a todos os que me ajudaram nessa realização. Pessoas que me ajudaram com apoio, com dinheiro, que acreditaram em mim. Obrigada!!!

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