Embaixo do céu de Angola

Um diario, tentando expressar sensacoes, pensamentos. Sentimentos tentando ser traduzidos. Textos, vida, diário, poesia. Um pouco de mim.

Tuesday, September 12, 2006

 

Notícias de Angola - Finalmente!



Cheguei! Dia 20 de agosto aterrisei em Angola. Medo, ansiedade.

Primeiras impressões foram boas. Nada muito além do que eu estava esperando. A vista, o mar, o por do sol são maravilhosos. A pobreza e a falta de infra-estrutura é visível em cada canto, em cada esquina. Não se pode fugir.

Meu projeto fica a 40 quilometros ao sul de Luanda. Fiquei empressionada, é muito melhor do que eu estava esperando! São 6 blocos de prédios. 4 deles são os dormitórios dos estudantes e onde eu vivo. 1 deles são os quartos dos professores e os outros 2 a assembleia (onde eles tem aulas, conferências, palestras), cozinha e salas de aula. Tem-se também uma biblioteca, mas não se tem praticamente nada de livros que possam ajudar em alguma coisa.


Não temos água corrente, mas existe um abastecimento semanal de água para a EPF (Escola Professores do Futuro), o projeto no qual estou voluntariando. Então, cada um tem seu balde, onde pegamos água necessária para banho, bebida, comida, tudo enfim! Banho de balde até que não é tão mal! Temos gerador de energia, que fica ligado entre as 7 da manhã e as 11 da noite. Mas, obviamente, às vezes falta água, o gerador quebra e por ai vai. Quando falta água não se pode cozinhar.

Café da Manhã é sempre o mesmo, a famosa PAPA (mingau de farinha de milho, bem doce).
Almoço também o mesmo, FUNJI com peixe seco ou com frango. Como sou vegetariana, para mim é FUNJI (é como a nossa polenta).
Jantar, para não deixar de ser diferente, também é sempre o mesmo: ARROZ COM FEIJÃO! Delícia.
Mas, por exemplo, a semana passada comemos funji com feijão durante uns 4 dias em ambas as refeições.

Por enquanto, meu trabalho tem sido dar aulas de inglês, tanto para o Colectivo 2005 quanto para o 2006. Além disso, dei aulas sobre o Brasil e sobre a Amazônia. Também estou dando aulas de inglês para o André, um menino que trabalha de cozinheiro. Tenho ajudado ele 3 vezes por semana.

Também ajudarei nas parcerias, para arrecadação de material e dinheiro para o projeto, provavelmete a partir desta quarta-feira. E darei aulas sobre HIV-Aids em parceria com um outro projeto que a organização tem que é o TCE (Total Controle da Epidemia). A Aids não tem grandes estatísticas aqui em Angola, mas as taxas vem crescendo bastante. Não existe essa preocupação com o uso da camisinha e até mesmo os professores tem medo de fazer o teste. Um deles é orgulhoso, pois já fez o teste 4 vezes! Quer dizer, em vez de fazer o teste, ser negativo e começar a se previnir. Também assisti uma aula sobre a Aids onde o professor falou que a camisinha deve ser usada “sempre que possível”, ao invés de enfatizar a obrigatoriedade. Principalmente aqui, onde é dito e sabido, que os homens tem mais de 2 ou 3 mulheres.

Tenho também me reunido com as meninas na tentativa de fazer um clube das mulheres para discutirmos assuntos que elas achem interessantes. Quiseram saber dos métodos contraceptivos, mas que não fosse a camisinha. Tentei explicar a importância do uso e do valor que a mulher deve se dar nas relações com o homem, mas para elas é difícil compreender. Se o homem não quer, o que se há de fazer? É ele quem manda. No próximo encontro falarei das DST e mostrarei algumas fotos e fatos sobre isso.

Também batem a minha porta, frequentemente. É difícil conseguir 5 minutos sozinha. Querem saber tudo, ver meu quarto, fotos. Também virei doutora! Todos vem a mim para perguntar o que pode ser essa dor aqui, aquela dor ali, se alguém está doente eles me chamam. Teve até uma menina que estava com malária e queria que eu aplicasse as injeções! Ainda bem que trouxe o livro “Onde não há médicos”, é muito bom e fácil de se usar e compreender.


Tivemos a abertura oficial do colectivo 2006. Eles cantaram, fizeram teatro, dança. Foi bonito. No final teve o batismo, onde a turma de 2005 deu para eles uns bolinhos feito com sal, áçucar e gindungo (pimenta) e colocam água e fubá na cabeça deles.


Ainda não vi muita coisa do país, praticamente só fiquei no projeto, o que também não é mal, pois estamos em frente ao mar, com um manguezal e rodeados por imbundeiros (baobás). Já fui para as vilazinhas perto do projeto – Ramiro e Palmeirinhas, onde podemos ir a pé, ficam a 5 e 3 quilometros respectivamente do projeto.

Tempo finito. Agora a Internet estará mais acessível e poderei atualizar o blog uma vez por semana. Aguardo a visita.

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